Aprendizado de idiomas: Uma experiência verdadeiramente educativa
Reitor associado da Faculdade de Humanidades da BYU e diretor do Centro de estudos de idiomas
13 de junho de 2017
Reitor associado da Faculdade de Humanidades da BYU e diretor do Centro de estudos de idiomas
13 de junho de 2017
Em minha experiência, para que uma atividade desenvolva o caráter, ela deve ser inerentemente boa, deve exigir esforço conjunto e perseverança por um longo período.
A BYU é internacionalmente conhecida como “a universidade dos idiomas”. A edição de 2017 do folheto Y Facts [Fatos sobre a BYU] relatou que aproximadamente 65% dos alunos da BYU falam mais de um idioma.
Deixem-me fazer uma pesquisa rápida para ver se os que estão aqui reunidos hoje são representantes dos estudantes da BYU, em geral. Se você souber mais de um idioma, levante a mão. [A maioria da plateia levantou a mão.]
Espero que percebam o quão extraordinário é o fato de vocês terem recebido o dom de serem capazes de se comunicar em mais de um idioma. Pensem nisso: o idioma é o comportamento humano mais complexo que há, e a maioria de vocês pode se comunicar em mais de um idioma.
Como todos aqui podem ler português, eu gostaria de demonstrar a complexidade do idioma dando-lhes um teste de português simples. Como vocês leriam “S. Paulo e S. Estêvão” em voz alta?
Vocês provavelmente disseram: “São Paulo e Santo Estêvão”. E sua resposta para essa simples tarefa provavelmente não foi apenas correta, mas também automática. Mas vocês poderiam explicar para outra pessoa a regra que determina a diferença entre “São” e “Santo”? Talvez vocês digam que “São” vem antes de um nome que começa com uma consoante enquanto “Santo”, vem antes de um nome que começa com uma vogal.
Agora, mais um teste. “S. Maria “ e “S. Isabel”
Opa, descobrimos algo aqui! Não podemos dizer “Sã Maria“. No entanto, dizemos Santa Maria e Santa Isabel, mas se a regra que governa a contração é devido à vogal ou consoante seguinte então, por que dizemos “Santa” e não a abreviamos como na forma masculina? Temos que refinar nossa regra para incluir nomes femininos também.1
Sim, até mesmo a uma linguagem simples é complexa. A linguagem é tão complexa que temos muitas vezes dificuldade em explicar como ela funciona. No entanto, geralmente não estamos cientes de como a linguagem é complexa. De certa forma, a linguagem é como o ar que respiramos: não prestamos atenção — a menos que algo esteja errado.
Como as pessoas não prestam atenção ao idioma a menos que algo esteja errado, vocês não devem levar muito a sério os elogios sobre suas habilidades em outro idioma. O fato de alguém ter elogiado seu idioma é um indício de que eles perceberam algo — e isso acontece quando há algo errado.
No início de minha missão na Áustria, eu estava bastante confiante em minha habilidade no alemão. Na verdade, vários membros me disseram que eu falava alemão muito bem. Então, certo domingo, após fazer a oração na reunião sacramental, ouvi alguns membros comentarem sobre minhas habilidades no alemão.
Uma irmã fez a crítica: “War das nicht lieb? Genau wie ein kleines Kind!” O que significa: “Não é uma gracinha? que nem uma criancinha!”
A irmã que fez o comentário era muito gentil para me dar esse feedback honesto pessoalmente, por isso fiquei grato por ter ouvido o comentário que ela havia feito a outras pessoas. Sua avaliação sincera me fez saber que eu precisava melhorar minhas habilidades linguísticas.
Outra experiência missionária me ensinou como é complicado traduzir um conceito de um idioma para outro.
Um dos melhores intérpretes que já observei foi Immo Luschin. Em uma conferência regional realizada em Viena, Áustria, foi pedido ao irmão Luschin que interpretasse as palavras do orador visitante para o alemão.
Do lado de fora, estava nevando e, dentro da capela, o aquecedor estava lutando para lidar com o tempo frio. Percebendo que as pessoas estavam tremendo de frio, o orador começou seu discurso com o comentário: “Irmãos e irmãs, vejo que muitos estão agasalhados, mas poucos estão aquecidos”.2
Coloquem-se no lugar do Irmão Luschin. Se vocês fossem o intérprete, como teriam interpretado esse trocadilho?
Sem pausa, o irmão Luschin disse em alemão: “Nosso orador acaba de fazer um trocadilho fantástico que não pode ser traduzido. Todos poderiam rir, por favor?”
Surpresa com o pedido, a congregação riu espontaneamente e o orador prosseguiu — inconsciente tanto do desafio que havia dado ao intérprete quanto da maneira hábil com que esse desafio foi enfrentado.
A partir dessa e de outras experiências com tradução, concluí que, ao traduzir de um idioma complexo para outro idioma complexo, o desafio que se enfrenta é um desafio que pode ser melhor descrito matematicamente, não como complexidade + complexidade, mas como complexidade x complexidade, ou complexidadeao quadrado.
Como o idioma é o mais complexo dos comportamentos humanos, conclui-se que o aprendizado de idiomas apresenta um desafio formidável. Na verdade, o estudo de idiomas é uma disciplina que apoia todos os quatro objetivos da educação da BYU. Como sabem,
A educação na BYU deve ser (1) espiritualmente fortalecedora, (2) intelectualmente ampliadora e (3) edificadora do caráter, levando ao (4) aprendizado e serviço por toda a vida. [The Mission of Brigham Young University and The Aims of a BYU Education (Provo: BYU, 2014), 5] [A missão da Universidade Brigham Young e Os objetivos da educação BYU]
Vou mostrar como o aprendizado de idiomas apoia cada um desses quatro objetivos.
Ler as escrituras em mais de um idioma dá uma compreensão mais completa e detalhada de sua intenção do que se vocês as lessem em apenas um idioma.
Joseph Smith possuía uma Bíblia multilíngue e, em um discurso, relatou:
Tenho uma edição antiga do Novo Testamento em latim, hebraico, alemão e grego. Tenho lido a versão em alemão, e acho que é a tradução mais [quase] correta, e a que mais se aproxima das revelações que Deus me deu. [Ensinamentos, capítulo 10]
Esse comentário de Joseph Smith também mostra o valor de ter um tradutor que entenda o conteúdo que está sendo traduzido. Quando os tradutores não conhecem o significado pretendido do texto original, podem ocorrer anormalidades. A consciência de Joseph sobre as traduções da Bíblia, às vezes conflitantes, provavelmente contribuiu para o aviso na oitava regra de fé de que “cremos ser a Bíblia a palavra de Deus, desde que esteja traduzida corretamente”.
O Élder Quentin L. Cook salientou em seu discurso na Conferência Geral de Abril de 2017 que a palavra grega traduzida como “poder” em Lucas 8:46 na versão João Ferreira de Almeida é traduzida como “virtude” na versão em inglês do Rei Jaime da Bíblia. (ver “Alicerces da fé“, A Liahona, maio de 2017). Não sabemos por que os tradutores da versão do rei Jaime da Bíblia escolheram usar a palavra virtude em vez de poder em Lucas 8:46. Mas sabemos que eles traduziram a mesma palavra grega como “poder” quando a traduziram em Mateus 6:13, que contém a conhecida expressão: “Porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre”.
Como Joseph Smith descobriu, os desalinhamentos entre as diferentes traduções dos textos bíblicos são o resultado das escolhas feitas pelos tradutores — e essas diferenças exigem um estudo mais aprofundado para determinar qual tradução se alinha melhor com as verdades reveladas do evangelho restaurado.
O filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein escreveu: “Os limites do mundo são os limites da minha linguagem” (Tradução, Luiz Henrique Lopes dos Santos, [São Paulo: , 1961], Editora da Universidade de São Paulo, p. 104, veja o pdf completo aqui.)
Mesmo aqui há um problema de tradução. Na forma original alemã, Wittgenstein usou “são” para “bedeuten”, que é geralmente traduzido como significar em português (Tractatus,p. 104). No entanto, quando se fala em limites ou fronteiras, acho que a palavra definir é mais consistente com a intenção da afirmação original, e pode-se até argumentar em favor da palavra determinar.
Embora a justificativa de Wittgenstein para esse postulado seja filosoficamente mais complicada do que a maioria imagina, a implicação é facilmente compreendida: alguém com habilidade em mais de um idioma pode navegar em mais áreas do mundo.
John Taylor colocou a relação entre a dimensão de nossa língua e a dimensão de nosso intelecto percebido de forma muito mais direta. Em seu discurso no Tabernáculo de Salt Lake em 1852, ele disse:
É bom que os élderes se familiarizem com os idiomas estrangeiros, pois eles podem até ir para o exterior, e terão que ser capazes de falar com o povo, e não parecer tolos. Eu não me importo com quanta inteligência vocês têm, se vocês não puderem exibi-la vocês parecerão ignorantes. [JD 1:27]3
Alguns de vocês podem estar se perguntando: “Espera, e o dom de línguas?”
O Élder Taylor previu esta pergunta. Ele continuou dizendo: “Vocês podem dizer, eu pensei que o Senhor nos daria o dom de línguas. Ele não os dará se formos demasiadamente indolentes para estudá-las” (JD 1:27).
Podemos entender que servir uma missão de idioma estrangeiro pode expandir nossos horizontes intelectuais e culturais, mas tem sido difícil quantificar a extensão desse crescimento intelectual. Quando cheguei à BYU em 2004, ouvi várias vezes a pergunta: “quão bem os missionários retornados falam o idioma que aprenderam durante seu serviço missionário?”
Estivemos tentando responder a esta pergunta. Para dar apoio a essa pesquisa, estivemos testando ex-missionários usando testes de proficiência reconhecidos internacionalmente que se baseiam em uma hierarquia de competência funcional de comunicação. Resumi os principais níveis da escala de proficiência aplicada nesses testes nas seguintes categorias:
Iniciante: Consigo comunicar ideias básicas usando palavras e frases curtas.
Intermediário Posso me comunicar em forma de diálogos com frases mais complexas, como em situações informais de perguntas e respostas.
Avançado Sou capaz de comunicar informações conceituais e detalhes complementares em forma de parágrafos que formam narrações e descrições longas e coerentes.
Superior: Sou capaz de fornecer espontaneamente explicações elaboradas e raciocínio abstrato em apresentações e discussões extensas.
[Ver “ACTFL Proficiency Guidelines 2012”, American Council on the Teaching of Foreign Languages, p. actfl.org/publications/guidelines
-e-manuais/actfl-proficiency-guidelines-2012]
Observem que essa escala descreve o nível espontâneo e contínuo das habilidades linguísticas de uma pessoa, e não as habilidades ensaiadas ou memorizadas.
Olhando para este resumo, como você classificaria sua proficiência no seu segundo idioma? Qual afirmação se encaixa melhor em seu nível de habilidade?
Se você é um ex-missionário e se autoclassificou como um falante “avançado”, provavelmente está certo.
Alguns resultados de nossa pesquisa inicial compararam os resultados de proficiência de 391 missionários recém-retornados que estudam na BYU com os níveis de proficiência de 501 alunos não pertencentes à BYU, que cursavam o primeiro e o último ano de idiomas em cinco grandes faculdades de artes liberais com programas de estudo no exterior. Em média, os ex-missionários são falantes mais proficientes em seu segundo idioma do que os formandos que estudaram idiomas de outras grandes universidades dos EUA. Isso é boa notícia! (Ver Dan Dewey e Ray T. Clifford, “The Development of Speaking Proficiency of LDS Missionaries”, em Second Language Acquisition Abroad: The LDS Missionary Experience [A Experiência Missionária SUD], ed. por Lynne Hansen, Amsterdã: John Benjamins, 2012, pp. 29–49.)
Mas devemos nos lembrar de que, apesar de terem desenvolvido um nível significativo de fluência na conversação, a linguagem falada pelos missionários retornados mostrou padrões consistentes de deficiências gramaticais e de vocabulário e essas deficiências limitaram sua capacidade de se comunicar claramente sobre assuntos complicados e com detalhes.
Apenas 6% dos missionários retornados haviam atingido um nível “superior” de proficiência (ver Dewey e Clifford, “Development of Speaking Proficiency”, p. 36). Esse é um patamar importante, porque o nível “superior” de proficiência é o nível requerido para empregos profissionais em diplomacia, negócios e educação superior.
Todos os alunos que se especializaram em idiomas estrangeiros da BYU agora fazem testes de proficiência como parte de sua conclusão de curso da faculdade, e os dados mostram que o estudo adicional de idiomas na BYU agrega valor, é intelectualmente ampliado e melhora a proficiência linguística dos alunos.
O que constrói o caráter? Em minha experiência, para que uma atividade desenvolva o caráter, ela deve ser inerentemente boa, deve exigir esforço conjunto e perseverança por um longo período.
O estudo de idiomas atende a todos esses três pré-requisitos de construção de caráter.
Primeiro, sabemos que o aprendizado de idiomas é bom. Em Doutrina e Convênios 90:15, somos aconselhados a “familiarizar-[nos] (…) com todos os bons livros”. E como lembrete de que nem todos os bons livros são escritos em português, o versículo acrescenta: “e com línguas, idiomas e povos.”.
Em segundo lugar, estudos mostram que aprender exige esforço. Na escada entre o terceiro e quarto andar da Biblioteca Harold B. Lee há uma cópia emoldurada de Doutrina e Convênios 88:118. Como estudante da BYU, eu lia essa referência toda vez que saía da biblioteca depois de uma longa noite de estudo. Em particular, a última linha chamou minha atenção. Ela declara: “procurai conhecimento, sim, pelo estudo e também pela fé” (grifo do autor).
Lembro-me de me perguntar por que essa revelação inclui a palavrasim. Não seria suficiente dizer: “Procurai aprender pelo estudo e pela fé?” Será que a palavra sim foi acrescentada para enfatizar que também na educação, a fé sem obras é morta? De qualquer forma, a frase “sim, pelo estudo” tornou-se um slogan e um princípio orientador durante minhas atividades educacionais.
E claro, a fé também é necessária. Ela nos dá motivação constante para perseverar em nossos estudos, mas esperar aprender somente pela fé não é realista. Lembrem-se do conselho de John Taylor: não receberemos o dom de línguas a menos que estudemos idiomas.
Em terceiro lugar, o aprendizado de idiomas requer perseverança. Talvez vocês já tenham ouvido falar da noção popular chamada de “regra das 10.000 horas”. Essa regra sugere que, para se tornar um especialista em qualquer coisa, são necessárias cerca de 10.000 horas de esforço.
Como muitos missionários estudam e praticam o idioma de sua missão de 40 a 60 horas por semana durante até dois anos, eles podem dedicar de 4.000 a 6.000 horas ao estudo do idioma de sua missão. Quando retornarem, eles terão acumulado metade das 10.000 horas necessárias para se tornarem especialistas nesse idioma. Eles estão quase se tornando especialistas em idiomas e, se perseverarem, poderão se tornar especialistas. A expectativa de que os alunos dediquem milhares de horas à aquisição de habilidades linguísticas atende claramente ao terceiro critério para a formação de caráter: perseverança durante um longo período.
Anders Ericsson e Robert Pool, os autores da pesquisa que foi generalizada como a regra das 10.000 horas, continuam a rejeitar a simplificação excessiva de suas descobertas, lembrando-nos de que apenas passar tempo fazendo algo não é suficiente para se tornar um especialista.
Assistir a 10.000 horas de concertos de piano não os transformará automaticamente em um pianista concertista. O simples fato de assistir a 10.000 horas de reuniões da igreja — o equivalente a assistir a um bloco de três horas de reuniões da igreja toda semana durante sessenta e quatro anos — não os transformará automaticamente em uma pessoa celestial.
De acordo com Ericsson e Pool, a chave para se tornar um especialista não é apenas passar tempo, mas se envolver em “prática deliberada”. A prática deliberada é diferente de outros tipos de prática em dois aspectos essenciais: deve haver “critérios estabelecidos para um desempenho superior” e deve haver professores “que possam oferecer atividades práticas projetadas para ajudar o aluno a melhorar seu desempenho” (Anders Ericsson e Robert Pool, Direto ao Ponto: segredos da nova ciência da expertise [Boston: Houghton Mifflin, 2016]). Só é possível se tornar um especialista por meio da prática deliberada, mas a prática deliberada só é possível sob essas duas condições.
O estudo de idiomas na BYU atende a esses critérios. O campo do estudo de idiomas é uma disciplina profissional com padrões bem desenvolvidos de desempenho superior, e a BYU tem mais professores com experiência em levar os alunos ao nível superior de proficiência em idiomas do que você pode encontrar em qualquer outra universidade. Conforme sugerido pela necessidade de prática deliberada, o aprendizado avançado de idiomas não é um projeto do tipo “faça você mesmo”, mas há recursos disponíveis para ajudá-los a aprimorar suas habilidades. Portanto, façam o juramento: “Não deixarei meu segundo idioma enfraquecer.”
A BYU tem muitas opções para o estudo do idioma ao nível intermediário e avançado, e mais opções estão sendo desenvolvidas. Eu vejo um futuro em que todo aluno da BYU terá a oportunidade de estudar um segundo idioma — seja um idioma aprendido em uma missão, um idioma falado em casa, um idioma aprendido por meio de estudo formal ou um idioma adquirido por meio de outras experiências de vida.
Essas oportunidades de aprendizado serão estruturadas como programas de idiomas que complementam as disciplinas acadêmicas que os alunos escolhem. Para isso, nossos programas de idiomas terão várias opções de entrada e saída baseadas em competências e oferecerão opções de ensino de bacharelado e pós-graduação.
Assim como a capacidade de se comunicar em outro idioma expandirá seus horizontes intelectuais, o conhecimento de outro idioma terá um efeito multiplicador em suas oportunidades de serviço e aprendizado contínuo depois da faculdade .
Quando ouvimos a palavra serviço, é provável que nossos primeiros pensamentos se voltem para oportunidades de serviço na Igreja que são muitas. No entanto, as oportunidades de serviço e aprendizado também são abundantes em nossas vocações.
Durante toda a minha vida, houve uma escassez de pessoas com experiência em idiomas. Um relatório de 1979 para o presidente dos Estados Unidos concluiu que “a incompetência dos americanos em idiomas estrangeiros é nada menos que uma vergonha, e está piorando” (President’s Commission on Foreign Language and International Studies, “Strength Through Wisdom: A Critique of U.S. Capability”, novembro de 1979, em Modern Language Journal 64, no. 1 [primavera de 1980]: 12).
Resultados similares foram obtidos este ano em um relatório da Comissão Nacional de Aprendizado de Idiomas (ver America’s Languages: Investing in Language Education for the 21st Century [Cambridge, Massachusetts: American Academy of Arts and Sciences, 2017], amacad.org/multimedia/pdfs/publications/researchpapersmonographs/language/Commission-on-Language-Learning_Americas-Languages.pdf).
Independentemente de onde servirão, suas habilidades linguísticas tornarão esse serviço pessoalmente gratificante. Vocês conhecerão e passarão a amar outras pessoas e o farão com uma profunda emoção e compreensão que, não seria possível de outra forma.
Para concluir, gostaria de comentar sobre outro idioma que está disponível para todos nós, mas que é um idioma estrangeiro para a maioria dos cidadãos do mundo. É a linguagem que Joseph B. Wirthlin chamou de “o idioma do Espírito”.
O Élder Wirthlin descreveu essa esse idioma assim: “Existe um grandioso poder que transcende à força das mensagens transmitidas somente por meio de palavras, e este é o poder das mensagens transmitidas pelo Espírito aos nossos corações” (“A linguagem do Espírito”, Liahona, fevereiro de 1976).
De todos os idiomas do mundo, o idioma do Espírito é o que melhor satisfaz os objetivos de uma educação na BYU. Eu vivenciei pessoalmente o idioma do Espírito em minha vida e sei que ele existe. Gostaria de compartilhar alguns exemplos pessoais com vocês.
Depois de cinco anos de casamento, minha esposa e eu não conseguimos ter filhos, então nos inscrevemos para adotar uma criança por meio dos Serviços Sociais SUD. Fomos informados de que o processo levaria cerca de dois anos.
Depois de apenas seis meses, minha esposa, Karen, me informou em uma manhã que o “nosso” bebê havia nascido. Ela soube, por meio de uma comunicação do Espírito, que isso havia acontecido. Ela havia acabado de ter um sonho em que uma linda menina loira tinha vindo do céu para ficar em nossa casa. Ela perguntou se eu poderia voltar para casa mais cedo naquele dia para que pudéssemos fazer compras de roupas de bebê, fraldas, um carrinho de bebê e uma touca de banho.
No final daquela tarde, quando voltamos das compras, eu estava abrindo a porta do nosso apartamento quando o telefone tocou. Era a agência de adoção ligando para nos informar que um bebê havia nascido na noite anterior e que, quando oraram sobre a colocação da criança, sentiram-se inspirados de que essa criança deveria fazer parte da nossa família.
Décadas mais tarde, quando eu estava trabalhando como reitor do Instituto de Idiomas e Defesa em Monterey, na Califórnia, fui informado de que a BYU estaria contratando um diretor para um Centro de Estudos de Idiomas que foi recentemente criado. Fiz uma análise dos prós e contras de minhas opções e rapidamente concluí que deixar meu cargo em Monterey não fazia sentido. A lógica dessa conclusão era incontestável, mas o Espírito continuou a insistir que eu reconsiderasse.
Em resposta a esses sussurros do Espírito, fui ao templo e orei pedindo orientação. Eu tinha uma pergunta simples: “Devo me candidatar para uma vaga na BYU?”
A resposta do Espírito foi imediata e direta: “Sim, e quando você aplicar, você conseguirá a vaga.”
Nunca fui a uma entrevista de emprego com tanta confiança como fui para aquela vaga na BYU.
Há quase dois anos, coloquei as mãos sobre a cabeça de minha esposa. Com a certeza do Espírito Santo, eu a abençoei com confiança, dizendo que ela totalmente se recuperaria do câncer que tinha acabado de ser diagnosticado. Essa bênção foi cumprida e, no início deste mês, minha esposa e eu comemoramos com gratidão nosso aniversário de 51 anos de casamento.
Sim, aprender outros idiomas é importante, mas tornar-se proficiente no idioma do Espírito deve ser nossa prioridade principal.
Irmãos e irmãs, sei que o evangelho é verdadeiro e deixo esse testemunho com vocês. Em nome de Jesus Cristo. Amém.
Ray T. Clifford, reitor associado da Faculdade de Humanidades da BYU e diretor do Centro de estudos de idiomas, deu este discurso de devocional em 13 de junho de 2017.